Psicolinguística

por Adélica Castro, Amanda Silva, Ana Massonila, Lavínia Lima e Silviane Freitas

Fonte: Imagem de Gerd Altmann por Pixabay
Fonte: Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

A psicolinguística é uma disciplina que tem origem da relação de outras duas disciplinas, a Psicologia e a Linguística. Sua principal preocupação e objetivo é analisar os processos mentais e linguísticos na sua junção. Embasada em experimentações, a psicolinguística irá estudar as habilidades mentais que culminam na chamada linguagem humana. Tudo que envolve processos como a aquisição da linguagem, escrita, memória, produção e recepção da fala, entre outras questões, são importantes para os estudos psicolinguísticos. Vastas são as interações entre a mente e a linguagem, e com seus representantes, estudos e experimentações, a disciplina irá tentar desbravar as questões relevantes a ela.

Perfil histórico

Fonte: Imagem de Inspireus por Pixabay
Fonte: Imagem de Inspireus por Pixabay

O interesse pela ligação língua e pensamento, objeto de estudo da psicolinguística, surge muito antes da criação de seu termo, tendo sido estudado entre os egípcios, os gregos e até mesmo Saussure. Antes do surgimento do termo, havia dois movimentos opostos: um que ia da psicologia para a linguística, e outro que ia da linguística para a psicologia; os dois estudavam a relação entre mente e linguagem. Até os anos 50, as ciências que se dedicavam ao estudo do discurso empobreciam seu objeto de estudo, revelando a necessidade de uma disciplina que consertasse tais falhas. Em 1951, tem-se relatos de uma palestra realizada na Universidade De Cornell que buscava mostrar as relações das duas ciências: psicologia e linguística. Contudo, a data de surgimento do termo psicolinguística é de 1953 a partir do Osgood & Sebeok intitulado: Psycholinguistics. A survey of theory and research problems. Como já citado acima, os estudos com essa temática datam antes mesmo da criação do termo específico, todavia a criação desse termo demonstra a necessidade real de evolução das ciências no pós Segunda Guerra. A psicolinguística surge para efetuar uma abordagem que difere da utilizada anteriormente pela psicologia da linguagem (área atuante da psicologia enquanto a psicolinguística é uma matéria interdisciplinar). O surgimento dessa nova área de pesquisa para a comunicação teve como base uma psicologia "renovada" e a teoria da informação, em que também se fixou sua primeira escola que se centrava "nos processos de comunicação que se baseavam na linguística estrutural" (BRONCKART, 1977, p. 250). Tem-se dessa forma o nascimento da ciência interdisciplinar que vai especificamente estudar as relações entre mente e linguagem.

Representantes. 

Entre os representantes há psicólogos e linguistas, dentre os quais se destacam:

George A. Miller. Fonte: Wikimedia Commons
George A. Miller. Fonte: Wikimedia Commons
    Foi um psicólogo estadunidense considerado um dos criadores da ciência cognitiva moderna. Seus estudos sobre a linguagem estão entre os primeiros em psicolinguística.
Chomsky Fonte: Wikimedia Commons
Chomsky Fonte: Wikimedia Commons



Aquisição da linguagem e outros campos de estudos. 

Com base nas teorias da psicologia cognitiva, a psicolinguística busca compreender os mistérios por trás da origem da linguagem no ser humano e como o processo de aquisição de uma língua, seja a materna ou uma língua estrangeira, ocorre na nossa mente.

Fonte: Imagem de Tim Hauswirth por Pixabay.
Fonte: Imagem de Tim Hauswirth por Pixabay.

Os estudos de Noam Chomsky revolucionaram o âmbito da Psicolinguística na década de 60, com suas teorias gerativistas e cognitivistas. Grande exemplo disso está no embate sobre a aquisição da linguagem, protagonizado por Chomsky, com sua análise inatista, e B.F. Skinner, com a tradição behaviorista da época.

A teoria behaviorista da linguagem, que vigorava anteriormente, baseia-se no processo de aprendizagem numa cadeia estímulo - resposta - reforço. Skinner acreditava que o ambiente oferece estímulos linguísticos à criança, que produziria respostas a partir desses estímulos - por meio da compreensão dos códigos linguísticos e da reprodução destes - e esse processo necessitaria de um reforço ou recompensa pelos adultos que a rodeiam. Exemplo disso pode ser observado quando uma criança fala uma palavra de baixo calão e ela é repreendida e castigada. Do mesmo modo, quando faz alguma tarefa corretamente, esta é recompensada com elogios. No ambiente escolar, ainda hoje vigora a presença behaviorista, em que o ensino é proposto por meio de repetições e reproduções. Para Skinner, a mente não é importante para a aquisição da linguagem, a criança é apenas uma tabula rasa, disposta ao ensinamento. "Pouco a pouco, conforme as palavras vão sendo associadas a eventos, objetos ou ações, os bebês aprendem o que elas significam." (DAVIDOFF, 2001, p. 272).

Fonte: Imagem de PublicDomainPictures por Pixabay
Fonte: Imagem de PublicDomainPictures por Pixabay

Chomsky, por sua vez, acreditava que a linguagem, específica da espécie humana, era inata ao código genético, que estaria inscrita na mente e precisaria apenas ser ativada. Para ele, a linguagem não é um sistema de repetições, mas é norteada pela criatividade. O falante adaptaria sua linguagem de acordo com o contexto em que fosse inserido. Ele já possuiria uma Gramática Universal predisposta em seu gene, e as regras e estruturas linguísticas que lhe forem apresentadas seriam apenas internalizadas, adequando-se ao que já conhecesse anteriormente. Seria necessária apenas a exposição à língua para que o processo de aquisição da linguagem acontecesse. Entretanto, essa exposição precisaria acontecer antes do que Chomsky chama de Período Crítico. De acordo com ele, em algum momento, perto da puberdade, o cérebro humano perderia a capacidade de adquirir uma nova língua de forma inata, apenas dessa forma, seria necessário que ela fosse ensinada, e o indivíduo tomaria como base a sua língua materna para que fosse possível a aprendizagem.

Além do campo de aquisição da língua, a psicolinguística tem grande interesse em analisar as estruturas comunicativas do ser humano (orais, escritas, gestuais, etc), buscando decodificar e encontrar padrões nos processos mentais que nos levam a compreender fonemas, palavras, orações, expressões, entre outros. Esses estudos ocorrem de maneira bastante indutiva e dedutiva, analisando os padrões do comportamento humano em busca de generalizações para a formulação de teorias, uma vez que não é possível estudar o cérebro diretamente.

Por meio dos seus estudos, a psicolinguística apresenta dois processos cognitivos para explicar, por exemplo, quais métodos o sujeito usa para aprender a ler e compreender os sinais acústicos da fala. São os chamados top-down, que parte do nosso conhecimento de mundo para a compreensão de algo particular, e o bottom-up, que faz o caminho contrário; a união de particularidades para compreender o geral.

Em síntese, os estudos da psicolinguística são de suma importância para a compreensão da linguagem humana.

Para saber mais. 

Psicolinguística: a ciência da mente e da linguagem:

Pesquisa em Psicolinguística: antecedentes, caminhos e relatos:

https://revistaseletronicas.pucrs.br/index.php/fale/article/download/8120/5809.


Vídeo: Psicolinguística - conceitos básicos:

https://www.youtube.com/watch?v=p5EOqQjXClA


Vídeo: Psicolinguística

https://www.youtube.com/watch?v=oeJajMoCa88

Referências.

BANDINI, Carmen Silvia Motta; ROSE, Júlio César C. de. Chomsky e Skinner e a polêmica sobre a geratividade da linguagem. Rev. bras. ter. comport. cogn. vol.12 no.1-2 São Paulo jun. 2010. Disponível em: https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452010000100002#nota1.

BORIN, Maísa Augusta. Psicolinguística. Rio Grande do Sul: Manancial, 2010. E-book. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/16439/Curso_Let-Portug-Lit_Psicolingu%c3%adstica.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 20 set. 2020.

BRONCKART, J. P. , Théories du langage. Une introduction critique, Bruxelles, Pierre Mardaga. 1977

CARNEIRO, Paulina Lira. A hipótese inatista de aquisição da linguagem em perspectiva: aspectos realçados e encobertos. DLCV - Língua, Linguística & Literatura. Paraíba, v. 7, n. 1, 1 dez. 2010. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/dclv/article/view/4759. Acesso em: 24 set. 2020.

CERUTTI-RIZZATTI, Mary Elizabeth. Psicolinguística: Uma Visão Introdutória Acerca de Objeto De Estudo, Método E Modelos Teóricos. In: DELLAGNELO, Adriana Kuerten et al. Estudos Linguísticos II. Florianópolis: LLE/CCE/UFSC, 2009. p. 27-40. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/123953/Livro%20de%20Estudos%20lingu%C3%ADsticos%20II%202009.pdf?sequence=1. Acesso em: 24 set. 2020.

CHOMSKY, Noam. Language and mind. New York, Harcourt, Brace & World, 1968.

PEREIRA, V. W. (2010). Pesquisa em Psicolinguística: antecedentes, caminhos e relatos. Letras De Hoje, 45(3). Recuperado de https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fale/article/view/8120.

PINTO, Maria da Graça L. Castro. Da psicolinguística: um verbete que virou ensaio., E-Dicionário de Termos Literários (EDTL), coord. de Carlos Ceia, ISBN: 989-20-0088-9, <https://www.edtl.com.pt>, consultado em. 24 set. 2020.

Psicolinguística in Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2020. [consult. 2020-09-20 18:17:31]. Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/$psicolinguistica.


SKINNER, B. F. (1976). About behaviorism. New York: Vintage Books, 1974.

WIKIPEDIA. Charles E. Osgood. 2020. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Charles_E._Osgood. Acesso em: 20 set. 2020.

WIKIPÉDIA. George A. Miller. 2015. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/George_A._Miller. Acesso em: 20 set. 2020.


WIKIPEDIA. John Bissell Carroll. 2020. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/John_Bissell_Carroll. Acesso em: 20 set. 2020.

WIKIPEDIA. Thomas Sebeok. 2020. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Thomas_Sebeok. Acesso em: 20 set. 2020.



Universidade Federal do Ceará - Departamento de Letras Vernáculas - Introdução à Linguística - 2020
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